Cantava, o passarinho, e encantava
Todo um mundo, coitadinho,
Pois, que um homem, que por ali passava
Que também se encantava
Cobiçava o pobre passarinho
Ele só pensava, como o poderia agarrar,
Aquele passarinho, que o encantava
E esperava ter uma oportunidade, o mariola
E, quanto mais ele o encantava,
Mais ele sonhava metê-lo, numa gaiola
Quis, então, o sarcástico destino
Para desatino do passarinho
Que, por acidente, ele partisse uma asa
E logo o homem, que era fino
Se prontificou a cuidar dele, em sua casa
Desfez-se, em mil cuidados, o homem
Que ao passarinho foram dados
De alma aberta e com total dedicação
Enquanto, que o coração do passarinho, também,
Ia-se inundando de gratidão
Assim, lá foi ficando o passarinho, que cantava
Tal, como o homem que se encanta
Por sua tanta, pronta e constante dedicação
Mas o pobre passarinho não voava
Pois, o homem logo deitava-lhe a sua forte mão
Cantava o passarinho, mas sufocava
E tentava se convencer
Que ali deveria permanecer, indefinidamente
Pois, que o homem, que o salvara
Do seu cantar o via dependente
Já pouco cantava, o passarinho, desmotivado
Pois, sentia-se embalado, em tristeza
Quando, na sua certeza, via o sol lá fora tão brilhante
Questionava-se sobre aquela sua gratidão
Pois, que sonhava que também voava, a cada instante
É, que para infelicidade do pobre passarinho
Enredaram-se os sentimentos
Paixão e gratidão, com acuidade
O homem que lhe fizera aquela boa acção
Agora, usurpava-lhe toda a sua liberdade
apsferreira
apsferreira